Qual é a de Deus?

02/08/2013 10:09

 

Deus, causa primária de todas as coisas... Assim Kardec nos coloca Deus... Parece bem simples e óbvio, não? Mas será que é mesmo? Vejamos...

- causa - aquilo que provoca, que causa, que faz existir, que faz acontecer, que cria, razão, motivo, origem.

- primária - primeira, que não tem precedentes ou antecessores, que vem antes de tudo.

- todas as coisas - tudo, a totalidade das coisas, animais e pessoas.

Vamos ver se agora conseguimos entender... Deus, aquilo que faz existir a totalidade das coisas e acontecer a totalidade dos fatos, e que não tem precedentes ou antecessores, porque veio antes de tudo. Tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexo... Tão óbvio e, ao mesmo tempo, tão misterioso.

Se veio antes de tudo e é a causa de tudo, não tem causa própria, não foi criado, não foi provocado, nem teve origem ou começo, sempre existiu. Simples? Óbvio?

Tentando ser mais claro e incapaz de definir Deus diretamente, Kardec nos fala dos seus atributos, dizendo que Ele é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom... Também parece óbvio... Será? Vejamos...

- atributo - aquilo que é próprio de um ser, característica, qualidade.

- eterno - que não tem princípio, nem fim; que sempre existiu e sempre existirá; constante, incessante, permanente.

- infinito - que não tem fim, termo ou limite; inumerável, incalculável, incontável, imensurável.

- imutável - que não está sujeito a mudanças, que não muda, que é sempre igual.

- imaterial - aquilo que não tem a natureza da matéria, não material, impalpável, intangível.

- único - que é só um; de cuja espécie não existe outro; exclusivo; a que nada é comparável.

- onipotente - que pode tudo; que tem poder absoluto; todo-poderoso.

- soberanamente - com poder ou autoridade suprema, sem restrição nem neutralização; de forma suprema, absoluta.

- justo - conforme a justiça, a eqüidade, a razão; imparcial, reto; íntegro; exato, preciso; legítimo, fundado.

- bom - que tem todas as qualidades adequadas à sua natureza ou função; benévolo, bondoso, benigno; misericordioso, caritativo.

Mas será que só por estes atributos conseguimos saber quem ou o que é Deus? Não seriam estes atributos demasiadamente humanos para definirmos Deus em sua totalidade?

Na tentativa de entender Deus, o homem sempre acabou por racionalizá-lo e com Kardec não foi diferente. Deus, ou o que quer que entendamos como criador do universo, é algo que escapa à nossa compreensão, que está acima de tudo o que possamos entender sobre nós próprios e sobre tudo o que existe.

Alguns, querendo torná-lo mais próximo, passaram a entendê-Lo como estando em tudo e como sendo tudo, ou como se toda a criação estivesse nele. Outros, modificando um pouco esta interpretação, atribuíram a todos os seres a condição de deuses. E, mesmo assim, ainda não nos foi possível compreender Deus, ou mesmo chegar mais perto Dele.

É que Deus não precisa ser entendido, ou encontrado, ou capturado. Ele nem sequer precisa ser pensado. Afinal, também o pensamento foi criado por Ele... Ele simplesmente é. E sendo, Ele existe em nosso pensamento, em nosso entendimento, independentemente da nossa vontade ou do nosso consentimento. Tudo o que somos foi criado por Ele. Absolutamente tudo.

Livre-arbítrio? Bem, deixe-me dizer-lhe uma coisa... O livre-arbítrio também foi inventado por Deus, para dar-nos a impressão de que podemos comandar a nossa própria vida. Mas não se engane! As regras que comandam o livre-arbítrio também foram criadas por Deus... Desse modo, aquilo que escolhemos, ou pensamos que escolhemos, segundo nosso livre-arbítrio, obedece a regras criadas por Deus. Assim, dedução óbvia, nossas escolhas são criações indiretas de Deus...

Parece fatalismo? Talvez, mas não é. As regras estão aí e nós convivemos com elas, dia a dia, lado a lado, e não nos damos conta. Ou preferimos não nos dar conta. As regras foram criadas por Deus e se auto-regulam, colocando em equilíbrio a criação. Se somos parte da criação, se também somos criaturas de Deus, lógico que sejamos também por elas regulados, equilibrados, estabilizados.

A única escolha legítima a que temos direito é amar ou não a Deus e sua criação. Esta é a nossa única escolha. Esta é a única opção a que o nosso livre-arbítrio tem acesso. Feita a escolha, no entanto, entram em ação as regras divinas, precisas, inequívocas, infalíveis, fazendo-nos entender a própria escolha e suas conseqüências. Nada mais...

Chame-o do que quiser, mas lembre-se de que Deus é. Ele não está. Ele apenas é. Não tente entender o que ele é ou onde ele está. Não tente vê-lo. Apenas lembre-se de que ele é e de que, para ele, não existe passado ou futuro, pois o tempo não existe.

Não o busque fora de si, não o busque nem mesmo dentro de si, pois ele não está onde quer que seja. Ele é. E sendo, não há espaço que o acomode.

Não tente senti-lo, tampouco, pois tudo o que você conseguirá será sentir a própria criação, pulsando mais forte em seu coração.

Ame, apenas. Ame a Deus em sua criação. Ame a Deus, amando a tudo e a todos. Ame a Deus em todas as coisas, inclusive no próximo e em si mesmo. Ame, pois isso será o mais próximo que você conseguirá chegar de Deus e sua essência.

Por Maísa Intelisano -