A Esperança

07/03/2013 11:07

 

Conta na Mitologia Grega que os deuses criaram uma mulher chamada Pandora. Ela era a mulher ideal, com dons doados pelos deuses (como por exemplo, a beleza e a argúcia) para fazer o homem se perder. Era um castigo de Zeus. Pandora trouxe consigo de presente uma caixa, que jamais deveria ser aberta; porém, era também de sua natureza a curiosidade, então, ela abriu a tal caixa escapando todos os males da humanidade. Quando percebeu o que estava acontecendo fechou-a rapidamente mantendo dentro dela apenas a Esperança.

 

Assim, desde então, para o ser humano viver ele precisa de criatividade e esperança.

A cada momento precisamos encontrar soluções criativas para as mais diversas situações que vivemos; porém, só temos condições de usar o máximo de nossa criatividade quando temos acesso à esperança dentro de nós. Por isto, pode perceber que a esperança é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento da vida do ser humano.

Nós vivemos, lutamos criativamente pela sobrevivência e procuramos sempre nos aprimorar como ser humano e indivíduo que somos porque temos a esperança em nosso interior, sempre presente.

 

Quanto maior o nível de esperança, mais enfrentamos e superamos com disposição e boa vontade os obstáculos que a vida se nos apresenta.

A esperança nos permite olhar a vida sob alta perspectiva. Como se sob a égide da esperança, diante de qualquer situação, subíssemos no alto de uma montanha e alcançássemos uma visão ampla de um vasto horizonte, muito maior do que aquele que divisamos em nosso pequeno mundo egóico.

 

A esperança, então, amplia nossos horizontes; como também amplia o campo de atuação em nossa própria vida, pois não aceitamos passivamente as restrições: queremos nos experimentar e nos explorar e aos nossos potenciais.

Então, a esperança nos dá uma certa voracidade pela vida. Ela nos faz romper barreiras, pois precisamos de espaço para viver. E preenchemos estes espaços conquistados com nossos potenciais.

 

É vital que nos sintamos presentes em nossa própria vida. E como a esperança não aceita rotina, mesmismo e nem monotonia, ela nos impulsiona para viver o mais completa e intensamente possível nossa própria vida. Ela nos proporciona ardor e entusiasmo pela vida e então, assim, nos propomos metas e as perseguimos alegremente.

A esperança sempre nos coloca numa posição diante da vida que nos permite olhar pelo melhor ângulo, entendemos assim que nada é em vão, pois tudo tem uma razão superior de ser e de existir.

 

Com a esperança sabemos que a nossa própria existência tem uma razão de ser – mesmo que ainda não saibamos qual seja. No entanto, sabemos, que como qualquer vida não é em vão, a nossa também não o é.

Conseguimos perceber o bem e o belo da existência terrena. Conseguimos compreender o significado do porquê vivemos o que vivemos. E, então, apostamos na vida!

Relaxamos!

E, então, embuídos de esperança, vivendo e explorando a vida, apostamos em nós mesmos, mesmo com todos os tropeços e equívocos que possamos ter no decorrer de nossa vida. O hoje é sempre e novamente mais uma oportunidade para vivermos a vida, para explorar nossos potenciais.

 

Somos mais compassivos e benevolentes conosco mesmos – com as nossas limitações, bem como, com os outros – sem sermos condescendentes.

Saímos da pressão que estamos vivendo no momento, externa e/ou interna, e fluímos com a vida, tendo como onda a esperança. Assim, a esperança nos ajuda no exercício de auto-superação.

 

Compreendemos a transitoriedade da vida. E nos encantamos com a vida, justamente por sua transitoriedade. Com a esperança não nos enroscamos no pequeno e no insignificante da vida, pois sabemos que vai passar. Tudo passa! Tudo faz parte da vida! Assim, aceitamos e vivenciamos a transitoriedade da vida como caminho natural para a evolução, pois ela nos tira do entorpecimento e do automatismo, que naturalmente nos colocamos.

E, deste modo, a esperança precisa andar de mãos dadas com a paciência, pois a vida aqui no planeta Terra – baseada na matéria – tem um ritmo diferente da do espírito. Quando plantamos uma semente temos que ter paciência – dar tempo ao tempo – para que ela brote, transforme-se em árvore e então frutifique.

 

A esperança de que aquela semente possa se transformar em árvore e nos dar seus frutos nos faz plantá-la. E é a paciência que nos dá calma e perseverança para esperar (esperança!) o tempo necessário para que nossos projetos frutifiquem.

A esperança também precisa se aliar à disciplina.

Qualquer projeto é fruto da criatividade, paciência e da esperança, porém, sem disciplina – aplicação sistemática em sua realização – ele não se desenvolve e não se realiza.

Quando trazemos a esperança em nosso coração sentimo-nos protegidos por Deus, pelo Cosmos, pelo Universo, pelo anjo da guarda ou qualquer energia maior que possamos crer. Sabemos que podemos contar com a providencia divina, pois não nos encontramos sós e desamparados.

 

Ouvimos uma voz em nosso interior, que nos estimula positiva e construtivamente. Acalentamos em nosso ser sentimentos e emoções construtivas. Nosso corpo vibra numa freqüência positiva e assim emanamos o bem. Nossos pensamentos se retro-alimentam com bons pensamentos. Nossa imaginação constrói imagens leves e com cores suaves ou vibrantes, sempre nos mostrando as boas perspectivas das situações que vivemos.

Quando não conseguimos acessar a esperança em nosso interior o resultado é a desesperança, com todo o tipo de neurose e, em casos mais graves, as psicoses. E, assim, nos encolhemos e nos restringimos para a vida. Então, a vida perde o sentido: sem razão para se viver ou fazer qualquer coisa. A desesperança gera desolação e esterilidade em nossa vida, propiciando-nos sentimentos persecutórios e desiludidos e carrega nossa imaginação com imagens escuras e pesadas.

E a esperança, ao contrário, nos faz vislumbrar a vida numa ordem e com um sentido mais elevado. E o seu exercício se faz necessário para nos libertar da prisão auto-imposta.

 

A esperança é fruto da crença do fazer parte e do sentir-se em comunhão com o universo. Fazemos parte de uma grande corrente. Somos o elo de uma corrente, que se chama vida. Afinal, somos todos um!

E nos sentindo assim, ela nos faz generosos e dadivosos. Aprendemos a ouvir o outro e também às nossas necessidades mais essenciais. Aprendemos a olhar o melhor lado: o nosso e o do outro. Deste modo, colaboramos para que a resolução de toda e qualquer situação ocorra para o nosso bem e para o bem do outro também.

 

Com a esperança construímos a nossa realidade de forma a nos ajudar a crescer. Ela não nos permite ficar estagnados ou presos em qualquer situação na vida. A esperança facilita o desapego, pois sempre acreditamos que ali, a mais um passo, teremos mais... uma nova oportunidade... e então acreditamos na vida.

 

A esperança nos dá sentido e propósito para a vida e, assim, nos faz seguir adiante. Permitimos que tudo o que vivemos passe por nós e, então, continuamos a nossa caminhada pela vida afora. E, principalmente, a esperança nos permite – a cada momento – vivenciar plenamente o Amor pela Vida.

Maria Aparecida Diniz Bressani